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Regina Navarro Lins

Quem gosta mais de sexo: o homem ou a mulher?

Regina Navarro Lins

10/11/2015 07h00

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

 

Comentando a Pergunta da Semana

A maioria das pessoas que respondeu à enquete acredita que os homens gostam mais de sexo do que as mulheres.

Inúmeros maridos reclamam que suas esposas sentem menos desejo do que eles e evitam fazer sexo com frequência. As mulheres, por outro lado, se queixam de que os homens não são bons amantes e até algumas, bastante experientes, declaram não ter a menor ideia do que é um bom amante.

Dizem que os homens vão direto ao assunto, gozam e pronto: já acabou. É possível mesmo que seja pequena a probabilidade de a mulher encontrar um bom amante. O que não quer dizer, em absoluto, que a maioria das mulheres se entregue livremente aos prazeres do sexo. É complicado para ambos.

Muitos homens, quando estão com os amigos, falam demais sobre sexo. Contam vantagens, demonstram estar sempre prontos e não se conformam em desperdiçar qualquer oportunidade.

Contudo, acredito que pouquíssimos homens gostem realmente tanto de sexo quanto as mulheres. Elas, de uma maneira geral, parecem desfrutar e dar mais valor à experiência do encontro sexual com o parceiro.

Vivem o sexo começando muito antes do orgasmo e terminando muito tempo depois. Ao contrário do homem, que é totalmente centrado no pênis, seu corpo todo é sentido como uma grande zona erógena, o que aumenta seu prazer e interesse pelas carícias preliminares.

Os homens são cobrados a vida inteira a se sair bem no sexo e nunca falhar. Eles aprendem a associar masculinidade com desempenho sexual, o que obviamente gera ansiedade.

Por isso, a maioria fica orgulhosa de si simplesmente pelo fato de ter tido ereção e ejaculado. Já é suficiente para considerar que tiveram um bom sexo. Suas parceiras se queixam. Dizem que os homens só se preocupam com eles e que seu interesse desaparece logo depois do orgasmo.

A mulher pode ter infinitas dificuldades sexuais, mas está livre da que mais apavora o parceiro. Pode fazer sexo sempre que desejar e até fingir orgasmo quando quiser.

O resultado é que os homens não usufruem do sexo todo o prazer que poderiam, e deixam a impressão de que não gostam muito de sexo, mas sim do fato de estar fazendo sexo.

Quando um homem conta para um amigo a experiência sexual que teve, ele diz coisas como: "Comi aquela gostosona" ou "Dei uma ótima foda ontem". Dificilmente se escuta um homem dizer: " Tive uma noite maravilhosa de sexo ontem" ou "Aquela mulher é uma amante incrível".

O homem que gosta de sexo de verdade prolonga a experiência ao máximo. Aprecia tanto o prazer da troca erótica com a parceira, que aprende a controlar a ejaculação e adiar o orgasmo. Se sente livre para brincar despreocupado, sem pressa, à beira do orgasmo.

Não quero dizer que só os homens são ansiosos. Muitas mulheres também não relaxam, preocupadas em agradar ao homem. A realidade é que homens e mulheres são frutos da mesma cultura repressora da sexualidade.

A diferença é que elas, por não viverem o mesmo tipo de ansiedade que os homens — medo de falhar —, gostam mais do sexo do que eles e se permitem viver essa experiência com mais tranquilidade e menos pressa.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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