Amor e desejo não são inseparáveis - e isso não deveria ser um problema
Ilustração: Caio Borges
Ao mesmo tempo que sentimos necessidade de segurança e aconchego — o que nos faz buscar relações fixas, estáveis e duradouras —, também sentimos necessidade de liberdade, de aventura e daquela sensação de frio na barriga sempre que vemos a pessoa amada. Nem todos consideram amor e desejo inseparáveis. Em muitos casos a expressão erótica é inibida quando há grande intimidade emocional. O amor romântico propõe a fusão entre os amantes, alimenta a ideia de que os dois vão se transformar num só.
Quando os dois se fecham na relação, não é a falta, mas o excesso de proximidade que impede o desejo. A psicoterapeuta de casais belga, radicada nos EUA, Esther Perel, diz que "o erotismo exige distância, viceja no espaço entre eu e o outro. Para entrar em comunhão com a pessoa amada, precisamos ser capazes de tolerar essa vazio e seu véu de incertezas. Talvez tivéssemos uma vida sexual mais excitante, alegre, até frívola se fôssemos menos tolhidos por nossa inclinação para a democracia na cama."
O psicanalista americano Stephen Mitchell, em seu livro Can Love Last?, diz: "Todos nós precisamos de segurança: permanência, confiabilidade, estabilidade e continuidade. Esses instintos de enraizamento e proteção nos embasam em nossa experiência humana. Mas também temos necessidade de novidade e mudança, forças geradoras que preencham a vida e a tornem vibrante. Aí, o risco e a aventura não nos deixam. Somos contradições ambulantes, buscando segurança e previsibilidade por um lado e gostando de diversidade por outro."
Todos desejamos que nosso parceiro seja uma sólida base de sustentação, confiável e que nos ampare. Mas ao mesmo tempo esperamos que o amor por ele e com ele nos eleve para além de nossa vida comum. O grande desafio para os casais está em conciliar a necessidade de segurança e uma vida previsível com o desejo de experimentar o que empolga e é misterioso.
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