Precisar, não precisa - então por que as pessoas desejam se casar?

Laura Mesi se casa com ela mesma em cerimônia na Itália. Reprodução/Facebook

A italiana Laura Mesi, 40 anos, resolveu se casar. A festa de casamento para 70 amigos foi animada. Ela caprichou no vestido, na aliança e no bolo. A lua-de-mel? Em Marsa Alam, no Egito. No total, o gasto foi de 10 mil euros. Até aí nada parece estranho…. até ficarmos sabendo que não houve noivo. Laura se casou sozinha. No Facebook, ela postou que a solteirice não é um incômodo. Será?

"Apesar de dizer que não incomoda, por que a necessidade de se vestir de noiva? Do bolo? De viagem de lua de mel?", perguntou um internauta do UOL abaixo da matéria.

A ideia do casamento tem um valor cultural independente da situação. Quando nascemos, somos introduzidos num mundo com padrões de comportamento claramente estabelecidos.  Inicia-se assim nosso processo de socialização.  Os desejos espontâneos são gradualmente substituídos pelos que aprendemos a desejar. Nos comportamos e agimos de acordo com a expectativa social.  A partir daí todos se tornam parecidos.  As singularidades não mais existem.

O condicionamento cultural impõe como única forma de atenuar o desamparo uma relação amorosa fixa e estável: o casamento. Assim, todos desejam se casar. Ninguém questiona se é mesmo a única forma de realização afetiva. A mudança na forma de pensar e viver gera medo e ansiedade, sendo mais fácil optar pelo já conhecido, apesar das frustrações.

Quase todos, homens e mulheres, desejam não só casar, como se submeter com resignação a muitas outras normas sociais de conduta, a maioria incompatível com suas aspirações mais legítimas. Fazer escolhas realmente livres não é simples. Seu preço é alto e é necessário coragem, mesmo que seja para viver bem sem se casar.