Acreditar que a paixão pode durar para sempre só traz sofrimento desnecessário
Ilustração: Caio Borges
A experiência de se apaixonar tem provavelmente como uma das suas características a ilusão de que a paixão irá durar sempre. Esta ilusão é estimulada na nossa cultura pelo mito do amor romântico e é reforçada pelas histórias infantis, em que o príncipe e a princesa, uma vez unidos, vivem felizes para sempre.
O filósofo francês Alain Badiou comenta um anúncio de um site de relacionamento, que promete uma relação amorosa com seguro total. "Tenha amor sem ter o acaso", essa era a chamada do site. Badiou mostra como a ameaça de segurança, em que toda a potencialidade da surpresa do encontro, a possibilidade de descoberta, a aventura, a poesia do encontro amoroso são deixadas em segundo plano para se obter a garantia de felicidade. Para ele o mundo está, com certeza, cheio de novidades, e o amor também deve ser considerado dentro dessa inovação. É necessário reinventar o risco e a aventura, em oposição à segurança e o conforto.
Para o professor de Teoria Psicanalítica e escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza ninguém tem acesso à subjetividade do outro. A relação entre dois seres é marcada pela ausência de garantia. Por maior que seja a prova de amor dada, ela pode não ser verdadeira. Essa possibilidade de falsear é que é a mola do ciúme. Ciúme é a contrapartida da ausência de garantia.
Por não haver garantia nenhuma no amor, todos os apaixonados pressentem que um dia podem perder a pessoa amada, que isso pode acontecer a qualquer momento, e sofrem.
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