A sexualidade do homem atual
Comentando a Pergunta da Semana
A maioria das pessoas que respondeu à enquete da semana acredita que o homem atual sofra com sua sexualidade.
Uma história popular relata o caso de uma jovem que desejava muito viver uma relação de amor e então deixou um bilhete num local onde seria fácil de ser encontrado. A mensagem era a seguinte: "A qualquer pessoa que encontre este bilhete: Eu te amo."
A visão que durante tanto tempo se teve da mulher, e na qual ela também acreditou, era assim: frágil, desamparada, necessitando desesperadamente encontrar um homem que lhe desse amor e proteção e, mais do que tudo, que desse um significado à sua vida.
Mas quando as mulheres começaram a se liberar da estrutura psicológica que Betty Frieden denominou de mística feminina, os homens ainda estavam imbuídos da crença de que não tinham nada de que se liberar, desprezando o fato de que, no sistema patriarcal, a construção do sexo feminino esteve ligada à construção do sexo masculino e que antes da mística feminina veio o mito da masculinidade.
Apesar de a maioria dos homens ainda perseguir o ideal masculino da nossa cultura — força, ousadia, sucesso, poder, nunca falhar —, eles estão começando a se sentir exaustos. Há algum tempo já se discutem em todo o mundo os prejuízos da busca dessa masculinidade como algo oposto à feminilidade.
A partir de um estudo que durou nove anos, o americano Anthony Astrachan publicou o livro 'Como os homens se sentem', onde explica como essa busca leva à perda da autonomia.
Sobre a recusa das mulheres em continuar subordinadas, ele concluiu que apenas 5 a 10% dos homens chegam perto de aceitar as mulheres como iguais, enquanto os demais expressam seus sentimentos de raiva, medo e inveja por meio de uma hostilidade evidente ou dissimulada.
E o que os homens consideraram terrivelmente ameaçador nas mulheres é a combinação de competência e sexualidade.
Para dificultar mais ainda as relações entre os sexos, o sistema patriarcal delega as característica "duras" aos homens e "moles" às mulheres, os homens competem e as mulheres demonstram emoção.
Poucos homens conseguem experimentar a intimidade emocional com a mulher, em vez de somente a sexual. Não é de se estranhar, então, o resultado de um importante estudo sobre sexualidade realizado nos Estados Unidos, que mostrou que quase a metade de homens e mulheres americanos sofrem de disfunção sexual.
Muitas mulheres, por conta de tanta repressão, ainda têm dificuldades no sexo, mas não resta dúvida de que os estereótipos tradicionais de masculinidade inibiram a capacidade de prazer sexual do homem.
Demonstrar ternura, se entregar relaxado à troca de prazer com a parceira é difícil. Perder o controle ou falhar é uma ameaça constante, tornando o sexo uma experiência ansiosa e limitada.
O processo de socialização que transforma os meninos em homens 'machos' impede a intimidade dos homens com as mulheres. É impossível ser amoroso quando se é 'travado' emocionalmente.
Isso sem falar no treinamento sexual dos meninos quando chegam à adolescência. Ao convencer uma garota a 'dar', ganham status entre os amigos e podem se considerar machos realizados. Ou se marca pontos ou é um fracasso.
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