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Regina Navarro Lins

Sobre a experiência sexual feminina

Regina Navarro Lins

31/05/2016 07h00

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

 

Comentando a Pergunta da Semana

A maioria das pessoas que respondeu à enquete da semana acredita que a mulher experiente no sexo assusta o homem.

Muitos homens ao encontrar uma mulher com quem desejem uma relação duradoura, se sentem aliviados quando ela é pouco experiente e o limita em certos procedimentos. O prazer sexual pode não ser tanto, mas eles se julgam privilegiados em estar com uma parceira que teve poucos relacionamentos.

Mas há também o temor de não se comportarem a altura da parceira experiente. Tanto para a mulher quanto para o homem desde a perda da virgindade, o sexo é um enigma que vai sendo desvendado pouco a pouco.

Falar em perda de virgindade para os homens é impróprio, já que essa primeira experiência para eles é um ganho, simbolizando sua condição de macho.
Para as meninas a cobrança de que escolham o momento, a circunstância e a pessoa certa, além de toda a expectativa romântica que aprendem a alimentar, retarda a iniciação sexual.

A mulher sexualmente experiente, ainda mais se for jovem, é um atentado à mentalidade patriarcal, ou seja, machista. A sexualidade feminina sempre foi controlada para dar ao homem a certeza de paternidade, o que lhe livraria do risco de deixar a herança para o filho de outro. Além do fato de que uma virgem era uma mercadoria valiosa. Recatada, daria ao homem muitos filhos legítimos que lhe assegurariam a futura mão de obra.

Mas não há dúvida de que os preconceitos diminuíram bastante e o número de moças que chegam virgens ao casamento é cada vez menor. Mas, em pleno terceiro milênio uma mulher que admita gostar de sexo, e que o pratique com liberdade, corre o risco de ser classificada como "periguete" e assusta homens que desejem um futuro em comum.

O sexo sempre teve destaque na história da humanidade. Dependendo da época e do lugar, foi glorificado como símbolo de fertilidade e riqueza, ou condenado como pecado.

Toda a censura, que colocou as pessoas em guerra contra o prazer e o próprio corpo, transformou algo meramente biológico e natural na maior fonte de conflitos humanos.

Embora nos últimos 50 anos a moral sexual tenha sofrido grandes transformações, no inconsciente os antigos tabus ainda persistem. O sexo continua sendo um problema complicado, com muitas dúvidas.

Os preconceitos jogam uma sombra em torno da experiência da mulher e do exercício livre de sua sexualidade, impedindo que o sexo seja vivido como fonte de prazer e desenvolvimento pessoal.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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