Sutilezas do orgasmo
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso da internauta que não consegue gozar na relação com o namorado. Acha que ele gosta dela, mas não sente tesão, porque não há muitas preliminares. Não sabe se o problema é dela ou do parceiro. Se pergunta se o fato de ser gordinha pode ser responsável pela falta de empenho dele.
Todas as fases que envolvem o ato sexual podem ser fonte de muito prazer, mas sem dúvida o orgasmo é o seu ápice. Há uma perda momentânea da consciência e alterações neuromusculares e endócrinas; aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial; contrações musculares dos membros inferiores e rubor. Ou seja, é uma poderosa droga que só faz bem a quem a esteja vivenciando.
Um efeito de tal magnitude é resultado de um processo de envolvimento da pessoa com muitas variáveis. A paixão é uma delas. Estar em pleno ato com alguém que se deseja muito é um largo passo na direção do orgasmo. Se essa pessoa, além de objeto do desejo daquele que vive o ato, tem condições de ser considerado publicamente desejável, maior é o alcance de sua ponte para o orgasmo.
Esse aspecto pode se tornar um problema para uma pessoa obesa, por exemplo. O seu parceiro no ato pode fazer inconscientemente uma avaliação negativa, porque, mesmo que esteja vivendo um ótimo momento erótico, sente-se com alguém que não é desejado pela maioria.
As "gordinhas" estão entre os que mais sofrem preconceito diante da exigência estética dominante da magreza. Homens e mulheres são escravizados pelo padrão de beleza da cultura em que vivem, embora a exigência seja bem maior para as mulheres.
A importância do orgasmo é tão reconhecida que alguns dos maiores estudiosos da sexualidade humana lhe dedicaram obras. Uma das principais é de Wilhelm Reich (1897-1957) que escreveu a obra A Função do Orgasmo.
Para ele as enfermidades psíquicas são a consequência do caos sexual da sociedade, já que a saúde mental depende da potência orgástica, isto é, do ponto até o qual o indivíduo pode se entregar e experimentar o clímax de excitação no ato sexual.
Ele viveu muito antes da era da informática, mas chegou a criar uma máquina cujo apelido é Orgasmotron. A primeira máquina de orgasmos registrada e aprovada pela FDA, a agência de medicamentos e alimentos do governo americano. Se Reich fosse vivo se encantaria com o universo pornográfico da WEB, fonte de milhões de orgasmos diários em todo o planeta.
Apesar de toda a repressão, muitos estudiosos voltaram-se para o estudo do prazer. Entre eles não podemos deixar de citar Masters e Johnson, um casal de pesquisadores que em 1966, publicou o livro A conduta sexual humana, no qual dividiram em quatro fases distintas as reações fisiológicas aos estímulos sexuais: fase de excitação, fase de platô, fase de orgasmo e fase final ou de resolução.
O envolvimento total do corpo na resposta à excitação sexual é experimentado de forma subjetiva pelas pessoas. Existe grande variedade tanto na intensidade quanto na duração da experiência orgástica. É uma fase de muito menor duração que as anteriores, mas de altíssimo nível de prazer.
Segundo algumas pesquisas, 2/3 das mulheres desconhecem o orgasmo, essa maravilhosa possibilidade humana.
Muitas são as razões, que vão desde a repressão sexual até a inabilidade do parceiro e os preconceitos, como o acima citado da obesidade tomada como discriminação estética.
É provável que, livres de modelos de amor, casamento e sexo, imposições da cultura patriarcal, que transformou o sexo num meio de afirmação da masculinidade para os homens e de submissão para as mulheres, ambos comecem a usufruir livremente da troca de sensações de prazer, e o orgasmo se torne muito melhor e fácil de ser alcançado.
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