Marido dominador
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso da internauta que está muito triste com uma situação que vem ocorrendo no seu relacionamento. Tudo que acontece de errado, seu companheiro atribui a culpa a ela. Desde um puxador de porta que se quebra, até o aumento na conta de luz, tudo é culpa minha. Ela diz estar deprimida e angustiada, a ponto de sempre que acontece algo de errado se desesperar com medo das críticas dele.
O modelo de casamento adotado na nossa cultura pode ser definido como a vida em comum de um casal constituído por um homem forte, determinado, líder, pai e provedor e uma mulher fiel, maternal e dependente econômica dele.
Há alguma dificuldade para se concluir quem será o oprimido na relação? Esse modelo se formou num momento histórico em que o homem se aventurava na caça para trazer comida para a casa enquanto a mulher cuidava dos filhos, da horta e das galinhas.
Tudo mudou. As relações estão diante de novas realidades, mas ainda impera em muitos a ideia de que o homem manda e isso faz com que se sinta no direito de ter posturas machistas.
Ainda existem os que acreditam que o homem pode "perder a cabeça" e agredir fisicamente a mulher. Apenas para que ela não se esqueça quem é que manda. Na realidade, são dois estranhos que vivem juntos.
Às mulheres sempre foram negadas quase todas as experiências do mundo. Consideradas incompetentes e desinteressantes, ficaram relegadas ao espaço privado ou impedidas de crescer profissionalmente.
Elas não existiam por si próprias. Eram definidas pelo seu relacionamento com o homem. As designações tradicionais para uma mulher demonstram isso — senhorita (que não tem homem) ou senhora (que tem um homem ou já teve, mas ele partiu ou morreu) — e no significado da expressão "casar-se bem".
O psicoterapeuta italiano Willy Pasini diz que a intimidade é muito mais fácil para a mulher do que para o homem. Historicamente, nas culturas patriarcais, os homens cuidam da guerra, da política, de ideias, e para as mulheres restou o mundo "menos importante", o dos sentimentos.
As pessoas, na nossa cultura, costumam idealizar o par amoroso e imaginar que a partir do casamento se sentirão completas. Na busca de estabilidade e segurança afetiva qualquer preço é pago. Assim, o desejo de conviver com intimidade se confunde com a necessidade de manter a estabilidade, levando a se suportar o insuportável.
Tentando justificar sacrifícios ou frustrações pessoais, cria-se um mundo fantástico onde defesas como a negação e a racionalização são acionadas para que se continue a viver uma relação idealizada, distante do que ocorre na vida real.
Mas as coisas estão mudando. Surgida nos anos 60, a pílula anticoncepcional desferiu o golpe fatal nessa mentalidade de dominação. A consequência está sendo a gradual destruição de valores tidos como inquestionáveis no que diz respeito ao amor, ao casamento e à sexualidade, trazendo a perspectiva do fim da guerra entre os sexos e o surgimento de uma sociedade onde possa haver parceria e respeito entre homens e mulheres.
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