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Regina Navarro Lins

Dificuldades sexuais

Regina Navarro Lins

14/05/2016 07h00

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

Comentando o "Se eu fosse você"

A questão da semana é o caso do internauta, 56 anos, que ficou viúvo e se casou novamente. Há quatro anos sua mulher teve ressecamento vaginal e não quer fazer sexo porque alega sentir dores. Ele não pode nem tocá-la. Ela já tentou diversos tipos de tratamento, mas nada adiantou. O internauta diz não ter coragem de buscar sexo com outra mulher e então se masturba. Ele afirma que o casamento virou um inferno.

Não são poucas as pessoas que sofrem com a vida sexual que levam. As disfunções sexuais podem se localizar nas fases do desejo, da excitação ou do orgasmo.

FASE DO DESEJO

I- Inibição do desejo sexual: Em alguns casos a falta do desejo faz com que a mulher não tenha interesse por sexo. Mas ela pode ter relações sexuais e ter orgasmo. Entretanto, é importante não confundir uma disfunção do desejo com o caso de mulheres, que não desejam mais fazer sexo com seus maridos.

FASE DA EXCITAÇÃO

I- Disfunção sexual geral: A mulher sente pouco ou nenhum prazer com a estimulação sexual. Pode até ter orgasmo, mas o contato físico lhe é desagradável. Antes denominava-se frigidez. Muitas dessas mulheres consideram angustiante a experiência sexual, embora varie a importância dessa aversão.

II- Vaginismo e dispareunia: Os órgãos genitais da mulher com vaginismo são normais, mas a contração involuntária da musculatura da entrada da vagina e dos músculos do ânus impedem totalmente a introdução do pênis. Se ao tentar a penetração a mulher sentir fortes dores, trata-se de dispareunia.
III- Disfunção erétil (impotência): A impotência é a incapacidade do homem para realizar a relação sexual de modo satisfatório, apresentando dificuldades em obter ou manter a ereção rígida do pênis.

FASE DO ORGASMO

I- Anorgasmia: é a mais frequente das disfunções sexuais femininas. As estatísticas americanas apontam que há apenas 25% de mulheres orgásticas e 75% de mulheres que apresentam algum tipo de dificuldade em alcançar o orgasmo.

II- Ejaculação precoce: essa é a mais comum das disfunções sexuais masculinas, nela, o homem é incapaz de exercer controle sobre seu reflexo ejaculatório. Quando excitado, atinge o orgasmo rapidamente.

III- Ejaculação retardada: é uma inibição específica do reflexo ejaculatório. Um homem com essa disfunção responde aos estímulos sexuais com sensações eróticas e uma ereção firme. Contudo, é incapaz de ejacular.

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Conversei com Mônica Lopes, fisioterapeuta pélvica, sobre a dor na relação sexual.

— COMO VOCÊ DIAGNOSTICA O CASO RELATADO PELO INTERNAUTA?

A fisioterapia pélvica é uma área que previne e trata as alterações dos músculos do assoalho pélvico, conhecido como períneo. Esses músculos possuem as funções de suporte dos órgãos pélvicos, controle urinário e fecal e também a função sexual.

No caso relatado, devido a menopausa, a mulher teve ressecamento e a atrofia vaginal, o que contribui para aumento do atrito e consequente dor.

Como defesa da dor, inicia-se uma contração involuntária dos músculos vaginais que passam a ficar muito tensos. Isso acaba gerando um ciclo, onde a tensão muscular leva à dor e a dor aumenta a tensão.

A mulher passa a ter medo de sentir dor na relação sexual e começa a vita-la. Seu desejo também pode ficar negativamente abalado. A dor na relação sexual é denominada dispareunia e pode ter várias causas.

— MUITAS MULHERES APRESENTAM ESSE PROBLEMA?

Sim, a dor na relação sexual (dispareunia), acomete cerca de 18% das mulheres brasileiras, em todas as idades. A notícia boa é que existe tratamento.

— POR QUE ISSO OCORRE?

A dispareunia pode ter causas físicas e psicológicas.
Dentre as causas físicas que podem gerar dor na relação sexual estão:

A própria atrofia vaginal citada neste caso, que deixa a vagina inelástica;

o vaginismo, que é a contração involuntária dos músculos da vagina, dificultando ou até impedindo a penetração do pênis na relação;

a vulvodínia, que é dor e ardência na vulva sem motivo aparente;

a endometriose que é uma condição na qual o endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero, cresce em outras regiões do corpo , causando dor;

as infecções urinárias; radioterapia pélvica; síndrome da bexiga dolorosa, vaginoses (candidíase, tricomoníase), a herpes genital, entre outras.

Já nas causas psicológicas podemos destacar: educação sexual repressora, pensamentos negativos em relação ao sexo, ter tido uma primeira relação sexual muito dolorosa, medo de engravidar, considerar sexo como algo pecaminoso e falta de conhecimento do próprio corpo. No caso em questão, a mulher teve o gatilho do ressecamento para gerar a dispareunia.

— PARECE QUE ELA JÁ TENTOU DIVERSOS TRATAMENTOS. O QUE VOCÊ INDICA NESSES CASOS?

A falha dos outros tratamentos pode ser multifatorial. Um importante aspecto a ser considerado é o tratamento pela fisioterapia pélvica, a fim de restabelecer o equilíbrio pélvico perineal. Sendo assim uma importante aliada aos demais tratamentos.

O tratamento para a dispareunia é interdisciplinar e conta com o ginecologista, o fisioterapeuta pélvico e também com o psicólogo. Assim melhores resultados serão alcançados.

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Se você desejar mais informações sobre dificuldades sexuais, visite o canal de Mônica Lopes no youtube > www.youtube.com/monicalopesmuitoprazer

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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