Expectativa frustrada
Comentando a Pergunta da Semana
Quase todas as pessoas que responderam à enquete já se decepcionaram numa relação em que alimentavam grandes expectativas. Os motivos são bem variados; alguns graves, outros nem tanto.
Além dos comentários dos internautas que podem ser lidos abaixo da enquete, aí vão três relatos que ouvi no consultório:
"Eu e meu marido somos muito bons na cama, sou uma pessoa que topa qualquer coisa. Tenho 38 anos e um casamento de 20. Mas de uns tempos para cá tenho percebido camisinha no carro, suas saídas sempre no mesmo horário, telefone que toca depois das 11h da noite. Tudo começou porque uma pessoa me disse que enquanto eu estava na academia me mantendo bonita para ele, ele passeava com outra. Tentei pegar, mas não consegui."
"Eu namorava um rapaz há mais de três anos e resolvemos casar. Construímos casa, mas ele começou a se endividar e a se complicar com as dívidas. Marcamos casamento, entretanto faltando dois meses ele arrumou outra com grana para saldar suas dividas e se casou com ela, um ano depois, exatamente no mesmo dia em que iríamos casar."
"Eu era apaixonada pelo meu médico. Na primeira chance que ele teve de me levar pra cama, tive uma decepção tripla: o pênis dele é muito pequeno, ele teve uma ejaculação precoce e, no segundo tempo, ele ainda conseguiu broxar… Estou mal, mas ao menos sei que o problema não é comigo."
Desde muito cedo nos ensinaram que a realização afetiva só pode ser encontrada numa relação amorosa a dois, estável, fixa e duradoura. A busca da "pessoa certa", aquela que vai nos completar, passa a ser constante e, em muitos casos, desesperada.
Essa ideia de que ninguém é inteiro, de que falta um pedaço em cada um de nós é comum, mas bastante limitadora. A complementação desejada não passa de uma ilusão, na verdade, ninguém completa ninguém.
Portanto, as frustrações daí decorrentes são muitas e desnecessárias. Nossas dificuldades e mesmo nosso sentimento de desamparo não podem ser resolvidos através do outro, e sim atenuados dentro de nós mesmos.
A fantasia do par amoroso, onde um é a única fonte de gratificação do outro, atenua por um tempo o temor do desamparo. Principalmente, porque é comum na fase de conhecimento as duas pessoas mostrarem o melhor de si, seus aspectos mais atraentes.
A questão é que na intimidade da convivência do dia-a-dia, enxerga-se a pessoa do jeito que ela é, percebendo assim aspectos que lhe desagradam. Não é possível continuar mantendo a idealização; você se dá conta então de que o outro não é a personificação de suas fantasias.
Mas para que essa situação seja mantida, são feitas inúmeras concessões. Há um acúmulo de frustrações que torna a relação sufocante. A consequência natural é o desencanto, muitas vezes com ressentimento, mágoa e a sensação de que foi enganado.
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