Vida a dois...mas sem sexo
Comentando o "Se eu fosse você"
"O casamento é para as mulheres a forma mais comum de se manterem, e a quantidade de relações sexuais indesejadas que as mulheres têm que suportar é provavelmente maior no casamento do que na prostituição.", afirmou o filósofo inglês Bertrand Russell.
A questão da semana trata do sexo no casamento. É o caso da internauta que gosta muito da vida a dois, ama o marido, mas não sente nenhum tesão por ele. Quando transa é por obrigação para não vê-lo se sentir rejeitado. Está pensando em abrir o jogo com ele e sugerir que ele procure uma amante.
Muitas mulheres, depois de algum tempo de casamento, fazem sexo sem nenhuma vontade. Esse sexo indesejado, por obrigação, é vivido também por mulheres economicamente independentes, que não necessitam do marido para mantê-las. A dependência emocional acaba sendo tão limitadora quanto a financeira. Ambas podem conduzir a uma vida sexual limitada. Imaginar-se sozinha, desprotegida, sem um homem ao lado, é percebido como insuportável.
Mesmo que os dois se amem, a rotina, a excessiva intimidade e a falta de mistério acabam com qualquer emoção. Numa relação estável busca-se muito mais segurança que prazer. Para se sentirem seguras, as pessoas exigem fidelidade, o que sem dúvida é limitador e também responsável pela falta de desejo. A certeza de posse e exclusividade leva ao desinteresse, por eliminar a sedução e a conquista.
Dor de cabeça, cansaço, preocupação com trabalho ou família são as desculpas mais usadas para adiar o sexo com o marido. Ninguém fica sabendo. Comentar o assunto significa admitir o que se tenta negar. Socialmente, é difícil acreditar que aquele casal jovem, com tanta energia e manifestações de carinho entre si não vive uma sexualidade plena. Em muitos casos, a escassez de sexo progride até a ausência total.
Em muitos casos as pessoas se amam profundamente, não conseguem imaginar viver sem o outro, apenas não sentem mais vontade de fazer sexo com o parceiro. Na medida em que vai aumentando o carinho, a solidariedade, o companheirismo, o desejo sexual vai diminuindo e o amor assexuado vai tomando conta da relação. É raro encontrar um casamento que, após vários anos de convívio, ainda há grande interesse e prazer sexual.
Um bom exemplo disso foi a sugestão do médico Ivan Gyarfas, na época diretor da unidade de doenças cardiovasculares da Organização Mundial de Saúde, que há alguns anos recomendou exercícios moderados e saudável atividade sexual às pessoas com problemas cardíacos. Ele afirmou que sexo é bom, mas praticado em casa é melhor que na rua: "Tende a ser menos excitante".
Não é necessário dizer que existem exceções, e que em alguns casais o desejo sexual continua existindo após vários anos de convívio. Mas não podemos tomar a minoria como padrão.
W.Reich, grande estudioso da sexualidade na primeira metade do século 20, diz que enfraquecimento do desejo sexual pode não ser definitivo. Ele deixa de ser passageiro e se torna permanente se os parceiros não perceberem a tensão ou o ódio recíproco, e também se rejeitarem como absurdos os desejos sexuais sentidos por outras pessoas. A repressão desses impulsos traz consequências desastrosas para a relação entre duas pessoas.
Para ele, só é possível encontrar uma saída discutindo-se esses fatos com franqueza e sem preconceitos. É condição essencial reconhecer como natural o interesse sexual por outras pessoas: "Ninguém pensaria em condenar alguém por não querer usar a mesma roupa durante anos, ou por não querer comer todos os dias o mesmo prato"., conclui Reich.
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