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Regina Navarro Lins

Estar solteiro (a) não significa solidão

Regina Navarro Lins

18/11/2014 06h49

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

Comentando a Pergunta da Semana

A maioria das pessoas que responderam à enquete da semana acredita que ser solteiro (a) não é sinônimo de solidão. Não tenho a menor dúvida disso.

Entretanto, existe uma campanha com grande difusão para que todos acreditem que só é possível ser feliz tendo uma relação amorosa fixa e estável. Desde crianças somos condicionados a acreditar que só é possível encontrar a realização afetiva dessa forma e raramente se duvida disso.

A necessidade de se ligar profundamente a uma única pessoa é tida como verdade absoluta. E é por isso que homens e mulheres procuram incessantemente um par amoroso, pagando qualquer preço para mantê-lo.

Que o ser humano necessita se unir e se comunicar com outras pessoas não há dúvida. Mas isso não significa que ele tenha, necessariamente, que se relacionar com uma pessoa de forma exclusiva. Quando alguém diz que não quer viver sozinho, está se referindo a não ter um parceiro amoroso.

Para muitos a possibilidade de viver bem sem uma relação amorosa romântica parece impossível. Entretanto, ninguém consegue ser feliz sozinho sem desenvolver a autonomia pessoal.

Isso implica não só adquirir uma nova visão do mundo, do amor e do sexo, mas também não depender mais do amor exclusivo de alguém para manter a autoestima elevada. Principalmente porque se está livre para criar com os amigos vínculos tão profundos, em que se amparam afetivamente.

Embora existam ótimos casamentos, uma pesquisa concluiu que quase 80% dos casados se sentem decepcionados com a vida a dois. Em muitos casos, a vida das pessoas solteiras é muito mais rica e interessante do que a da maioria das pessoas casadas.

Há solteiros (as) que declaram ser melhor viver longe das cobranças e imposições de uma relação estável; dizem ter liberdade de sair com quem quiser, sem se sujeitar aos ciúmes e inseguranças do parceiro.

Podem viajar para qualquer lugar e com quem bem entenderem, chegar em casa a qualquer hora, sem dar explicações, ter experiências sexuais com parceiros variados sem medo ou culpa.

Com todas as mudanças que observamos nas formas de relacionamento amoroso, parece pertencer cada vez mais a um passado distante a letra de Vinicius de Moraes que diz: "É impossível ser feliz sozinho…".

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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