Inferno conjugal
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso do do internauta cuja mulher não aceita a separação. Ela o agride de todas as formas e prejudica seu relacionamento com os filhos.
Separar-se não é nada fácil. É comum uma pessoa adiar a decisão; sente vontade, talvez até inconsciente, de não se mover. Ao mesmo tempo que não deseja mais permanecer na relação, surgem dúvidas, medos e inseguranças.
Muitas vezes ocorre que uma decisão definitiva de separação seja tomada depois de muitos anos de insatisfação ou sofrimento. Não é raro se considerar os filhos como a primeira causa para adiar a decisão, mas existem muitas outras causas agindo com mais ou menos intensidade em todos os casais, mesmo nos que não têm filhos.
Nessa fase geralmente surge o medo do desconhecido, constituindo o núcleo daquele "sentir" de onde emergem as mil e uma razões para adiar, não decidir, não querer ver. "Ambos temem que a separação seja um capricho do qual se arrependerão amargamente na solidão da vida futura. Eles têm a sensação não só de jogar fora anos de vida passados em comum, como também de destruir com um só golpe tantos projetos comuns acalentados com entusiasmo." , diz o psicólogo italiano Edoardo Giusti.
Mas temos que levar em conta também que em muitos casamentos, as pessoas não se separam porque dependem um do outro emocionalmente, precisam do parceiro para não se sentirem sozinhos e para que ele seja o depositário de suas limitações, fracassos, frustrações e também para responsabilizá-lo pela vida tediosa e sem graça que levam.
Para o psicoterapeuta e escritor americano Michael Vincent Miller "algumas vezes o casamento vai enferrujando tão completamente que, afinal, se quebra em pedaços, e os dois se divorciam como se estivessem abandonando uma peça de maquinaria que parou, sem possibilidade de conserto. Outros casamentos morrem de morte violenta, como um carro que bate num poste telefônico, liberando dois corpos, que vão aterrar nas contorcidas posições de pessoas com os ossos quebrados."
Em alguns casos o ódio surgido entre o casal resulta do sentimento de ver traída a expectativa que tanto alimentaram. Imaginavam que através da relação amorosa se colocariam a salvo do desamparo, e que encontrariam a mesma satisfação que tinham no útero da mãe, quando os dois eram um só.
"A separação denuncia o fim do amor e o fim dessa condição especial, definindo um estado de carência, uma ameaça de extinção, pela anulação de si mesmo como "ser amado" e como "ser que ama". A fantasia do "par amoroso", até então sustentada ainda por mecanismos ilusórios, desfaz-se inevitavelmente, obrigando-nos a enfrentar a angústia do vazio e da solidão." , conclui a psicanalista Malvina Muskat.
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